Crítica | X-Men: Apocalipse
[SEM SPOILERS]
Sinopse: Após milênios adormecido, En Sabah Nur (Oscar Isaac) é despertado e reúne quatro mutantes para ajudá-lo a estruturar o mundo de acordo com sua vontade: Magneto (Michael Fassbender), Anjo (Ben Hardy), Tempestade (Alexandra Shipp) e Psylocke (Olivia Munn). Enquanto isso, Charles Xavier (James McAvoy) continua comandado a Escola para Jovens Superdotados com a ajuda de Fera (Nicholas Hoult). O caminho de Apocalipse e Xavier se cruzam, fazendo com que mutantes veteranos como Mística (Jennifer Lawrence) se unam a novatos como Jean Grey (Sophie Turner), Ciclope (Tye Sheridan), Noturno (Kodi Smith-McPhee) e Mercúrio (Evan Peters) para salvar o planeta.


Os mais novos talvez não saibam a importância que a franquia X-Men nos cinemas possui para consolidar os filmes de super-heróis nas telonas. O primeiro longa, X-Men (2000), estreou quando o público e a crítica estavam traumatizados depois do péssimo Batman e Robin (1997), em que o batcartão de crédito, os trajes com mamilos e o visual carnavalesco do filme de Joel Schumacher foram demais para todos e quase enterrou os filmes de super-heróis para sempre. Por sorte Bryan Singer, diretor do primeiro filme dos mutantes, juntamente com a Fox viram tudo o que não deu certo no longa do homem-morcego e fizeram tudo ao contrário em X-Men. Trajes sóbrios de couro, uma história minimalista, respeito aos personagens e uma mescla de atores consagrados com desconhecidos fizeram o sucesso de público e crítica do bom X-Men. A partir daquele ponto Hollywood novamente viu potencial nos super-heróis e todos os estúdios que tinham direitos de adaptação para o cinema de algum personagem começaram a colocar seus projetos em prática, e com isso tivemos Homem-Aranha (2002), Demolidor (2003), Batman Begins (2005) e uma onda que continua em uma crescente até os dias de hoje.

O americano Bryan Singer está em Hollywood desde os anos 80, mas já passa a impressão que será sempre conhecido pelos cinco filmes dos mutantes em que trabalhou até agora, sendo quatro como diretor e roteirista e um como produtor e roteirista. Singer consegue trabalhar com a rica temática dos X-Men de maneira majestosa, atingindo todas as nuances que os personagens possibilitam. Os mutantes são uma minoria, sofrem preconceito, são discriminados e rejeitados pela sociedade, temas que favorecem inúmeras linhas narrativas para serem exploradas. Esse fundo político e social enriquece qualquer história desde que as pessoas certas trabalhem nela. Singer consegue humanizar personagens complexos, onde os seus poderes surgem apenas como detalhes e não como principais características. O diretor consegue orquestrar sequências de ação onde apenas um personagem está em ação de maneira perfeita, como aquela envolvendo Noturno no início de X-Men 2 (2003) e aquela envolvendo Mercúrio em Dias de um Futuro Esquecido (2014), personagem este que novamente tem uma sequência de ação só sua neste X-Men: Apocalipse (2016) e que, embalada pela trilha Sweet Dreams (Are Made Of This), é ainda melhor e mais memorável do que aquela do longa de 2014. E sim, isso é possível. Desde já um dos melhores momentos do cinema em 2016. Tirando as sequências envolvendo diversos mutantes contra os Sentinelas no futuro no começo e no final também no longa de 2014, Singer tem dificuldade em orquestrar sequências de batalhas envolvendo muitos personagens com o mesmo sucesso. Ele não consegue fazer algo uniforme e homogêneo, focando em pequenos duelos individuais em detrimento da grandiosidade do conflito que está sendo mostrado.

O filme tem um excesso de personagens que não se justifica. Embora isso aconteça em diversos longas da franquia, pelo menos a presença de determinados personagens se justificava de alguma maneira. Em X-Men: Apocalipse (2016) não acontece isso. A personagem de Rose Byrne, a agente da CIA Moira MacTaggert, já havia sumido do filme anterior, mas retorna aqui sem nenhuma função na narrativa, a não ser tentar criar um interesse amoroso para o Professor Xavier que não precisa disso para desenvolver mais seu personagem. Anjo e Psylocke estão fazendo volume no filme, servindo apenas para completar os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. O personagem Fera continua problemático nas sequências de ação. O Fera de X-Men: O Confronto Final (2006), bem mais velho, lutava melhor do que este fera mais novo luta. Todas as sequências em que o personagem está em ação são burocráticas e não funcionam direito. Embora haja uma desculpa no roteiro para a personagem Mística ficar mais na sua forma humana (leia-se forma Jennifer Lawrence) do que na sua forma original, fica evidente que isso é apenas para mostrar mais uma das suas principais estrelas de maneira que o espectador comum a reconheça. Em relação ao filme X-Men: Primeira Classe (2011), ja se passou 20 anos até este novo filme e a impressão que fica é que nenhum personagem envelheceu nem ao menos os cincos anos que separam o lançamento dos filmes. Com excessão de Wolverine, que não envelhece devido ao seu fator de cura, e Mística que pode assumir a forma que quiser, todos os outros personagens deveriam envelhecer. E mais estranho ainda é que foi usada uma maquiagem para tentar envelhecer alguns anos a personagem de Rose Byrne, mas não foi utilizada nos outros personagens. Ou se utiliza em todos os personagens, ou não se utiliza em nenhum.

O vilão Apocalipse foge um pouco daquilo que foi mostrado até agora na franquia, já que é mais megalomaníaco e ambicioso que outros vilões dos X-Men, mas se encaixa na história e serve, principalmente, para criar uma ameaça incrivelmente poderosa para os mutantes. A sequência que abre o filme é espetacular, tensa e enérgica na dose certa, servindo como ótima introdução do personagem e de tudo o que ele representa. Durante o filme o poder de Apocalipse é sempre ressaltado, mas é só no terceiro ato que o espectador consegue entender toda a grandiosidade do vilão. Seu poder de materializar e desmaterializar qualquer coisa é impressionante e sua capacidade de manter uma luta no plano físico e uma luta no plano mental ao mesmo tempo e contra diversos mutantes talvez seja a sequência chave para que o público entenda o quão poderoso é o personagem. O visual do personagem não me incomodou, pelo contrário, seu físico mais humano serve para aproximar mais Apocalipse dos outros mutantes. O design do personagem funciona e serve para estabelecer visualmente o vilão.

Contando com um sequência final que leva os fãs ao êxtase por trazer uma carga de nostalgia absurda para aqueles que assistiram ao desenho animado dos X-Men dos anos 90, X-Men: Apocalipse consolida ainda mais os filmes dos mutantes como uma franquia independente dos universos da Marvel e da DC nos cinemas, mostra potencial para os novos personagens apresentados, diverte e deixa as expectativas no alto para o que está por vir neste rico universo cuja série principal não nos entregou ainda um filme que não fosse no mínimo bom.
Nota: 8,0
Titulo Nacional: X-Men: Apocalipse
Direção: Bryan Singer
Duração: 144 Minutos
Ano de Lançamento: 2016
Lançamento nos EUA: 27/05/2016
Lançamento no Brasil: 19/05/2016
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Oscar Isaac, Nicholas Hoult, Tye Sheridan, Sophie Turner, Alexandra Shipp, Kodi Smith-McPhee, Evan Peters, Ben Hardy e Olivia Munn.
Lançamento no Brasil: 19/05/2016
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Oscar Isaac, Nicholas Hoult, Tye Sheridan, Sophie Turner, Alexandra Shipp, Kodi Smith-McPhee, Evan Peters, Ben Hardy e Olivia Munn.